Śrī Rāmagītā e o estudo dos Vedas
Se quisermos definir
o estudo de Vedanta em três palavras, o mahavakyam:
“Tat tvam asi” – “Tu és isso - o ilimitado, Brahman!”
Mas esta grande
afirmação acerca da nossa própria natureza pouco nos basta sem uma boa
explicação e sem a devida preparação para acolher a resposta. Somente através do
estudo coerente e com um professor digno e apto, poderemos vislumbrar esse
conhecimento e isso é jñana yoga (o yoga do conhecimento).
Não há qualquer acção
- meditação, prática ou ritual - neste mundo que nos traga esse entendimento. Assim
os sastras nos falam, como um manual de instruções da humanidade, que o conhecimento dessa
verdade, só vem através de uma abordagem intelectual que anule o erro
cognitivo e de concepção da nossa própria natureza.
O Karma yoga é então, uma
preparação necessária, que nos guia através do dharma (ética) para que possamos
ganhar maturidade na nossa relação com o mundo relativo, que está na fonte das nossas
maiores alegrias e sofrimentos. O Hatha Yoga é a disciplina que nos ajuda no
autoconhecimento, proporcionando-nos diariamente o espaço de reflexão
necessário e o dharma para com o nosso corpo/mente. Ele ajudar-nos-á a recordar que a nossa verdadeira natureza é efectivamente
plena e que qualquer aflição é apenas adicional e produto da nossa própria
ignorância.
Aqui fica um excerto de notas do professor Pedro Kupfer, um apontamento sobre o nosso estudo ao longo destes
dias:
“ ‘Gītā significa
canção. Rāmagītā é a “Canção de Rāma”. Rāma é um avatāra, a sétima das dez
encarnações do deus Viṣṇu, que se manifesta na terra quando o dharma, a Lei
Universal, está em perigo. O propósito das manifestações desse deus é educar a
Humanidade e lembrar daquilo que foi esquecido para restaurar a harmonia e a
justiça, na sociedade e no mundo. Este texto é um diálogo entre Rāma e seu
irmão Lakṣmaṇa, que aparece no quinto capítulo do Uttarakhanda, que é parte
integrante do Adhyātma Rāmāyāṇa que, por sua vez compõe a Brahmāṇḍa Purāṇa. (...)
Lakṣmaṇa, irmão mais novo e fiel companheiro de Rāma, pergunta-lhe como
atravessar o oceano da ignorância e deixar o sofrimento para trás. A instrução
de Rāma ao seu jovem irmão é esta Rāmagītā.
Este ensinamento, que
mostra que o indivíduo (jīvātma) é idêntico ao Ilimitado (Brahman), deve ser compreendido
se quisermos uma vida tranquila, apesar as dificuldades inerentes a qualquer
existência humana. A não-dualidade é um facto, apesar da aparente distinção
sujeito-objeto, já que essa distinção não contradiz a não-dualidade. Este é o conhecimento do Veda. Está ao longo
dos mantras do Ṛg Veda e, especialmente, no fim dele, condensado nas Upaniṣads.
Na tradição
espiritual da Índia, sempre que houver ensinamento sobre autoconhecimento, ele
será transmitido na forma de um diálogo, como é este caso. Nunca encontraremos,
nessa vasta literatura sagrada, um texto em que se ensine algo sobre
espiritualidade de forma narrativa. O conhecimento que liberta da ignorância
sempre aparece em forma de diálogos, entre dois irmãos, como é o caso da
Rāmagītā, ou entre professor e estudante, marido e mulher ou pai e filho, como
em algumas Upaniṣads e outros śastras.”
Hariḥ Oṁ!
Swami Paramarthananda
Swami Paramarthananda
O que é o conhecimento da verdade?
ResponderEliminarA realidade vai mais além do que cada um de nós está a vivenciar, são encontros e desencontros connosco e com o "outro", são partilhas de bons e maus momentos e diálogos internos e externos?
Somos todos iguais na origem e no fim?
Que espaço é que cada um de nós ocupa na originalidade e singularidade da nossa existência?